segunda-feira, 27 de outubro de 2008
sábado, 25 de outubro de 2008
Big my secret
O mar sussurrava segredos e o vento cortante sibilava ao pé de sua orelha. Ela sentou-se na rede, na varanda, a noite estava propícia. Uma agonia interior a fez suspirar e fechar os olhos. Seus sorrisos costumeiros desapareceram. Ali, ninguém podia vê-la.
Era doído. Sempre se conteve, sempre escondeu, sempre tentou negar. Mas dessa vez era tão forte e tão insistente. Jamais a sentiria por perto, não a conheceria, não saberia como ela realmente é por trás de todas aquelas máscaras inconvenientes. Isso, seja lá o que for, que nos mantém acordados nesse sonho intenso e maluco, está por toda parte, dentro de todo ser e todo espaço. Apertou os dedos, angustiada. Queria que as coisas passassem e estagnassem ao mesmo tempo. Uma lágrima silenciosa escorreu por sua face. Nada fazia sentido. Ele nunca saberia, ela não ia permitir que isso acontecesse. Reprimiria aquele sentimento estúpido para toda a eternidade, até que se esvaísse com o tempo e a distância de quem toma caminhos diferentes. Seria ridículo demais, como todas as outras vezes foi.
A imensidão azul não contaria. Podia admitir pra si mesma, pôr para fora esse peso que carregava consigo desde então, desde o momento em que seus olhos se encontraram numa esquina qualquer, numa semana qualquer de qualquer mês. Aliás, faziam bastantes meses. Sentia-se sufocada, imaginava coisas. O queria ali, naquele momento, do seu lado, apertando forte sua mão. Ilusões.
Tentando preencher o vazio que ocupava uma parte imprecisa de seu corpo, desviou seu pensamento para outras pessoas. O foco se distraia, mas o coração não. Imagens dos dois corrompiam seu sono.
Soltou os cabelos ferozes e encaracolados e encarou o horizonte. Chega. Basta. Odiava aquele sentimentalismo mórbido e asqueroso. Desconfigurava a força tamanha que tinha para enfrentar situações. Não queria mais se lamentar. A aceitação era sua amiga.
Era doído. Sempre se conteve, sempre escondeu, sempre tentou negar. Mas dessa vez era tão forte e tão insistente. Jamais a sentiria por perto, não a conheceria, não saberia como ela realmente é por trás de todas aquelas máscaras inconvenientes. Isso, seja lá o que for, que nos mantém acordados nesse sonho intenso e maluco, está por toda parte, dentro de todo ser e todo espaço. Apertou os dedos, angustiada. Queria que as coisas passassem e estagnassem ao mesmo tempo. Uma lágrima silenciosa escorreu por sua face. Nada fazia sentido. Ele nunca saberia, ela não ia permitir que isso acontecesse. Reprimiria aquele sentimento estúpido para toda a eternidade, até que se esvaísse com o tempo e a distância de quem toma caminhos diferentes. Seria ridículo demais, como todas as outras vezes foi.
A imensidão azul não contaria. Podia admitir pra si mesma, pôr para fora esse peso que carregava consigo desde então, desde o momento em que seus olhos se encontraram numa esquina qualquer, numa semana qualquer de qualquer mês. Aliás, faziam bastantes meses. Sentia-se sufocada, imaginava coisas. O queria ali, naquele momento, do seu lado, apertando forte sua mão. Ilusões.
Tentando preencher o vazio que ocupava uma parte imprecisa de seu corpo, desviou seu pensamento para outras pessoas. O foco se distraia, mas o coração não. Imagens dos dois corrompiam seu sono.
Soltou os cabelos ferozes e encaracolados e encarou o horizonte. Chega. Basta. Odiava aquele sentimentalismo mórbido e asqueroso. Desconfigurava a força tamanha que tinha para enfrentar situações. Não queria mais se lamentar. A aceitação era sua amiga.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Temos todo o tempo do mundo?
Era noite e o jantar estava na mesa. Alicia, sem motivos nobres, fez seu prato e sentou-se, servindo repolho com pimenta e suco refrescante de melão. Um silêncio constrangedor a cercava, interrompido apenas pelo tilintar dos talheres batendo nos pratos e os ruídos da saliva que encharcava o alimento. Sem saber por onde começar e sem o menor impulso por fazê-lo, Alicia acomodou-se à situação e tratou de comer depressa, como sempre faz. Repentinamente, sua mãe falou.
- Vocês não sabem o que aconteceu hoje.
- Hm?
- Eles me apoiaram na minha decisão, sabe. Por incrível que pareça.
- Isso significa que a gente vai embora, mamãe?
- É isso aí.
- Hm... Acho que na verdade eles não ligam muito.
- Ah, mas você sabe, era sempre aquele mesmo discurso negativo. Eles ficavam interferindo.
- É...
- Que bom querida, posso ir adiantando os papéis.
- Graças a Deus. Queriam que eu morresse aqui.
- Morresse?
- É, morresse.
Alicia já tinha terminado de comer há séculos, mas continuou ali, parada, absorta. "Morresse", ela disse. Imagens brotaram em sua imaginação de uma senhora muito velha deitada numa cama, despedindo-se; dela mesma atravessando uma rua e sendo, de súbito, atropelada; de seus amigos levando tiros certeiros. Sua família continuava matracando, mas ela não queria ouvir. Tudo aquilo não importava. Não importavam as reclamações, não importava a chuva ter molhado seu cabelo recém-lavado, não importava a perda da sua lapiseira nova, as brincadeiras infantis daqueles que lhe cercam, a perdição da humanidade, o fim próximo e certo do planeta. Naquele momento, nada disso importava. Havia outro fim próximo, mais próximo ainda do que a destruição do mundo.
A garota levantou-se, pôs o prato na pia. Foi caminhando por toda a casa, escancarando todas as janelas. Ligou um som muito alto com uma música inspiradora, começou a saltitar e tocar nos objetos pelos quais passava. Desceu as escadas e parou por um instante, pensativa. E então, sem mais hesitar, sem mais delongas, correu, correu como o vento, e saltou de um salto fenomenalmente empolgante. Dentro de segundos estava imersa dentro d'água e de suas próprias conclusões. A decisão foi mais simples do que muitos imaginam ser. Simplesmente mergulhar, mergulhar com força naquilo que, sem cerimônia, será tomado de você a qualquer instante.
- Vocês não sabem o que aconteceu hoje.
- Hm?
- Eles me apoiaram na minha decisão, sabe. Por incrível que pareça.
- Isso significa que a gente vai embora, mamãe?
- É isso aí.
- Hm... Acho que na verdade eles não ligam muito.
- Ah, mas você sabe, era sempre aquele mesmo discurso negativo. Eles ficavam interferindo.
- É...
- Que bom querida, posso ir adiantando os papéis.
- Graças a Deus. Queriam que eu morresse aqui.
- Morresse?
- É, morresse.
Alicia já tinha terminado de comer há séculos, mas continuou ali, parada, absorta. "Morresse", ela disse. Imagens brotaram em sua imaginação de uma senhora muito velha deitada numa cama, despedindo-se; dela mesma atravessando uma rua e sendo, de súbito, atropelada; de seus amigos levando tiros certeiros. Sua família continuava matracando, mas ela não queria ouvir. Tudo aquilo não importava. Não importavam as reclamações, não importava a chuva ter molhado seu cabelo recém-lavado, não importava a perda da sua lapiseira nova, as brincadeiras infantis daqueles que lhe cercam, a perdição da humanidade, o fim próximo e certo do planeta. Naquele momento, nada disso importava. Havia outro fim próximo, mais próximo ainda do que a destruição do mundo.
A garota levantou-se, pôs o prato na pia. Foi caminhando por toda a casa, escancarando todas as janelas. Ligou um som muito alto com uma música inspiradora, começou a saltitar e tocar nos objetos pelos quais passava. Desceu as escadas e parou por um instante, pensativa. E então, sem mais hesitar, sem mais delongas, correu, correu como o vento, e saltou de um salto fenomenalmente empolgante. Dentro de segundos estava imersa dentro d'água e de suas próprias conclusões. A decisão foi mais simples do que muitos imaginam ser. Simplesmente mergulhar, mergulhar com força naquilo que, sem cerimônia, será tomado de você a qualquer instante.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Rápido estado de mim mesma
Era quase noite, algumas estrelas já tinham aparecido no céu borrado de laranja e a lua sorria de um sorriso muito amarelo para os que a espectavam de baixo. O dia estava abafado, nem uma leve brisa sequer contornava meu corpo suado para aliviar o calor costumeiro de uma cidade interiorana. Eu caminhava tranquila pelas ruas desertas cantarolando uma das diversas músicas que estavam na cabeça. Olhei para o lado e vi um gato preto assustado, que, ao me ver, fugiu sem hesitar. Aquilo me fez perceber onde eu estava, que horas eram, quem eu era, naquele momento preciso da história. O milhão de pensamentos que infestava meu cérebro há dias resolveu despertar, uma sequência de idéias e sentimentos me ocorreram. Passei por um bar lotado de pessoas bebendo e fedendo a sedentarismo. Quando me aproximei da minha casa, faminta, calorenta, vi que minha mãe estava por ali conversando com o vizinho. Então, fui obrigada a fazer contato com outro ser humano, e, no segundo seguinte, aquele estado de mim mesma havia desaparecido e só havia de voltar sabe-se lá quando.
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