Nada mais nada menos do que movimentos. Diversos tipos de movimentos, um distinto do outro, porém todos realizados com o mesmo intuito: transmitir, relatar, expor, notificar, organizar.
Meus olhos encaravam o céu lá fora. Estava azul como de costume, a essa hora do dia. Limpo de nuvens que instigam minha imaginação, apenas um azul muito... Muito azul. Daqueles que te ofuscam, te comprimem, te sugam. Meus pensamentos e minha alma se perderam por ali, como se voassem junto aos pássaros que atravessavam a paisagem. O que estava ao redor não me importava, o imenso me hipnotizava, não conseguia parar de observá-lo. Quase me levava aos outros sentidos do corpo, como se aquele azul tivesse gosto, gosto de um sorvete azul com gosto de azul. E as lembranças iam brotando diante de mim, internas. O céu por fora, as lembranças por dentro, a luz do dia no rosto.
Meus olhos geralmente ficam claros quando iluminados. Eu estava usando um rimel que curvava os cílios. Gostaria de poder vê-los, vê-los através dos de outrem. Essa coisa engraçada provem-nos o privilégio de observar este mundo, e ainda assim... Tolas. É isso que elas são, as pessoas.
Meu alvo era apenas um. Subi no banco para perder o equilíbrio, propositalmente. Cair de uma maneira surpreendentemente forjada viria a calhar. O universo estava a minha frente, esperando por mim. A vontade que tive foi deixar-me ir, soltar-me, ser levada pela brisa, entrar naquele azul, onde tudo seria mais tudo e nada seria mais nada.
Cansei-me deste lugar. Gostaria de poder sair. Mas, bem, não há outro lugar para ir. Ou há? Bem, há. Aonde me leva o céu azul. Não para fora, mas para dentro, onde reinam as cores e o preto-e-branco. Comecei a mover-me, exceto pelas pálpebras, que não ousariam fechar-se.
Aquela espécie de transe era permanente, não passava. Quanto mais tempo eu ficava ali, mais profunda era a viagem. Pensamentos filosóficos, inspiração, indagação, admiração. Tristeza, alegria, vazio, cheio. Queria chegar ao topo da pelagem do coelho branco.
Esqueci-me das minhas aulas, da matéria. Esqueci-me da feira de domingo. Esqueci-me do meu celular sem bateria. Só não me esqueci das pessoas, que não pareciam estar alojadas em um lugar acessível, modificável. Estava apenas no começo de...
- Rá, te peguei!
Caí. Não caí apenas do banco, caí do penhasco que estava a minha frente. Não sei para onde fui, e, na verdade, não quis e nem quero saber. O importante é que fui, que não fiquei. Que as coisas fluem. As coisas vão. Creio que havia chegado a minha hora de ir. Talvez pro hospital, talvez pra dentro de mim, talvez pro céu.
Adivinhe de que cor eram meus olhos.
Meus olhos encaravam o céu lá fora. Estava azul como de costume, a essa hora do dia. Limpo de nuvens que instigam minha imaginação, apenas um azul muito... Muito azul. Daqueles que te ofuscam, te comprimem, te sugam. Meus pensamentos e minha alma se perderam por ali, como se voassem junto aos pássaros que atravessavam a paisagem. O que estava ao redor não me importava, o imenso me hipnotizava, não conseguia parar de observá-lo. Quase me levava aos outros sentidos do corpo, como se aquele azul tivesse gosto, gosto de um sorvete azul com gosto de azul. E as lembranças iam brotando diante de mim, internas. O céu por fora, as lembranças por dentro, a luz do dia no rosto.
Meus olhos geralmente ficam claros quando iluminados. Eu estava usando um rimel que curvava os cílios. Gostaria de poder vê-los, vê-los através dos de outrem. Essa coisa engraçada provem-nos o privilégio de observar este mundo, e ainda assim... Tolas. É isso que elas são, as pessoas.
Meu alvo era apenas um. Subi no banco para perder o equilíbrio, propositalmente. Cair de uma maneira surpreendentemente forjada viria a calhar. O universo estava a minha frente, esperando por mim. A vontade que tive foi deixar-me ir, soltar-me, ser levada pela brisa, entrar naquele azul, onde tudo seria mais tudo e nada seria mais nada.
Cansei-me deste lugar. Gostaria de poder sair. Mas, bem, não há outro lugar para ir. Ou há? Bem, há. Aonde me leva o céu azul. Não para fora, mas para dentro, onde reinam as cores e o preto-e-branco. Comecei a mover-me, exceto pelas pálpebras, que não ousariam fechar-se.
Aquela espécie de transe era permanente, não passava. Quanto mais tempo eu ficava ali, mais profunda era a viagem. Pensamentos filosóficos, inspiração, indagação, admiração. Tristeza, alegria, vazio, cheio. Queria chegar ao topo da pelagem do coelho branco.
Esqueci-me das minhas aulas, da matéria. Esqueci-me da feira de domingo. Esqueci-me do meu celular sem bateria. Só não me esqueci das pessoas, que não pareciam estar alojadas em um lugar acessível, modificável. Estava apenas no começo de...
- Rá, te peguei!
Caí. Não caí apenas do banco, caí do penhasco que estava a minha frente. Não sei para onde fui, e, na verdade, não quis e nem quero saber. O importante é que fui, que não fiquei. Que as coisas fluem. As coisas vão. Creio que havia chegado a minha hora de ir. Talvez pro hospital, talvez pra dentro de mim, talvez pro céu.
Adivinhe de que cor eram meus olhos.
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