segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Lá estava ela, sentada no banco da praça dos amores. Era domingo, e sua cabeça girava. Andava deveras chateada. Tudo que via quando olhava ao redor era uma ambição desvairada que cegava. Provocou transformações enormes e prejudiciais, que desviaram o importante. Supriu o amor e a inocência da pureza de um ser vivo, tendo o humano transformado todos os seus semelhantes em robôs, tirando-os do seu estado de admiração pelo todo.
Encarou a pedra à sua frente. Era uma pedra, tinha o nome de pedra, a ela foi dado esse nome pelos seres humanos. Mas... Ainda assim, era algo desconhecido. As pesquisas científicas não comprovavam nada sobre aquela pedra. Não veio da cachoeira que ali existia antes de construírem uma praça. Ninguém sabe de onde ela realmente veio.
Olhou ao redor, percebeu todas as cores que seu organismo lhe permitia enxergar. Será que eram todas as que ali estavam? Seu mundo interior podia enganá-la. As capacidades físicas e psicológicas do ser humano eram limitadas. Sentiu-se, então, insegura e surpresa, simultaneamente. Estava sentada no desconhecido, cercada pelo desconhecido, por mágica, por amor, pelo impossível. Pelo tudo, pelo nada, pelo nunca, pelo sempre, pelo finito e pelo infinito, se é que todos esses conceitos existem. Pensou em fadas, em duendes, em monstros, em seres de outros planetas, de qualquer lugar, em objetos e criaturas indefinidas. Criou imagens dentro de sua mente, e percebeu que eram reais, porque ela as havia imaginado. Coisas com vida, coisas sem vida, coisas com ambos, coisas que, de repente, nem coisas eram mais.
Decidiu, naquele instante, que deveria questionar e deixar de questionar. Sua mente não é capaz de tirar conclusões. Deixaria de duvidar do que seus sonhos, suas fantasias, suas alucinações lhe dizem que existe. Deixaria de acreditar que seus sentidos limitados e humanos lhe proporcionavam tudo. Havia mais. Faltaram-lhe palavras.
Ao mesmo tempo, admirava-se com a hombridade e simplicidade da complexidade. O Sol estava ali, grande e brilhante, e era lindo. E todas aquelas coisas que ela sentia, que a lotavam, que a dominavam, se manifestavam atrás dela. Aquelas coisas bonitas, todas elas, as ditas más, as ditas boas, eram inexplicáveis. O nomeado amor, sentimento que rege a vida, o mundo, o universo e o interior de cada uma daquelas criaturas, resumia todas sensações em uma só. Coisas que manipulavam seu consciente, a impediam de ser racional, de agir de acordo com o senso individual ou comum (não se sabe mais), descontrolavam-na. Não reprimiria mais nenhum deles.
Levantou-se do banco, sentiu cada músculo do seu corpo se movimentar, e os raios de sol atingindo sua pele. Sentiu seu suor, seu cheiro, seus olhos piscarem, o gosto da sua boca, o ar que respirava saindo e entrando no seu pulmão. Intensidade.
Tudo que lhe cercava, que estava dentro de si, o psicológico, o criativo, o sentimental. Todas as coisas físicas, cada matéria, cada ser, a individualidade. O mundo e o que estava além dele, e além do que está além do mundo, e além disso também. Sem definições, sem restrições, sem sociedade, sem mediocridades racionais que congelaram os corações do homo sapiens. Tudo era inexplicável, questionável, admirável, mágico, de uma beleza inequiparável.
Tudo era, ali, naquele instante, naquele momento, surreal.

3 comentários:

João Expletivo disse...

É, o que é real, é real. Nós? Nós surrealizamos a realidade, para que ela possa caber em nós, porque é grande demais para que a possuamos. É infinita, mesmo nós o somos, e não nossa consciência. Lembro desse pensamento, chicas. Era de Kant, e agora é seu também. Tema, não há melhor, e você pode melhorar esse texto. Beijo.

Johanna disse...

E você tá mergulhada numa inconstância, hein meu bem.

Mal posso esperar pra te dar um abraço <3

João Expletivo disse...

Vamos surfar, chicas.
;*