Tudo começa quando começa. Para algumas pessoas, o começo é o despertar, a saída do mais próximo que jamais chegaremos de nossos vacúolos temporais.
Ludmila (todos os nomes do mundo são bonitos, basta um leve esforço pra vê-los de formas distintas, sem influências maléficas do nosso querido senso popular) abriu com suavidade seus olhos amendoados, forçando algumas remelas a se despregarem com seus cílios desprivilegiados. Alguns miados familiares. O quarto estava mal iluminado, a consciência dos afazeres e dos problemas a resolver lhe inundou, o que não a deixou nem um mínimo sequer atordoada, não a tirou de seu estado sublime. Suspirando, moveu seu corpo lentamente, fez alguns alongamentos recomendados pelo gordinho da Women's Health, levantou sem forçar a coluna vertebral. Pôs os pés no chão frio. Serena, saiu andando com completo equilíbrio e auto-controle, meio cega pela falta de luz, desviando de todos os sapatos espalhados pelo quarto afora, papeis de roteiros embaralhados por todo o cômodo, Nana e Liza, que caminhavam pacificamente com seus focinhos a farejar e rabos a balançar, atrás de algo interessante. Abriu o armário, vestiu qualquer coisa, calçou um dos sapatos largados pelo chão. Daí, o ato de glória;
Satisfeita, expondo para si mesma um singelo sorriso amargo, escancarou a janela do quarto, que ia de parede a parede, e, quase que instantaneamente, lotou o quarto antes escuro da luz pura do dia novo. Miados, uma respiração longa e profunda. Ludmila olhou corajosamente para o dia lá fora. O motor dos carros a rosnar, feio, foi sufocado por um bem-te-vi que cantava bem ali perto. As nuvens, formando complexas formas indecifráveis no céu, embelezaram essa complexidade toda com sua branqueza simples. E o ar pareceu ser a resposta mais óbvia de toda e qualquer pergunta já existente.
Deixou a janela e trotou com confiança até a cozinha, tomou um copo cheio de leite geladíssimo, sem adicionais. Fez um carinho nas gatas, beijou-as, deixou escapar um desnecessário "amo vocês" e lançou uma ultima olhadela para o apartamento.
Com um largo sorriso, saiu de casa com a única certeza que lhe consumia todos os dias. A certeza de ver aquela coisa, e de poder fazer seus chamados amores verem-na também.
Ludmila (todos os nomes do mundo são bonitos, basta um leve esforço pra vê-los de formas distintas, sem influências maléficas do nosso querido senso popular) abriu com suavidade seus olhos amendoados, forçando algumas remelas a se despregarem com seus cílios desprivilegiados. Alguns miados familiares. O quarto estava mal iluminado, a consciência dos afazeres e dos problemas a resolver lhe inundou, o que não a deixou nem um mínimo sequer atordoada, não a tirou de seu estado sublime. Suspirando, moveu seu corpo lentamente, fez alguns alongamentos recomendados pelo gordinho da Women's Health, levantou sem forçar a coluna vertebral. Pôs os pés no chão frio. Serena, saiu andando com completo equilíbrio e auto-controle, meio cega pela falta de luz, desviando de todos os sapatos espalhados pelo quarto afora, papeis de roteiros embaralhados por todo o cômodo, Nana e Liza, que caminhavam pacificamente com seus focinhos a farejar e rabos a balançar, atrás de algo interessante. Abriu o armário, vestiu qualquer coisa, calçou um dos sapatos largados pelo chão. Daí, o ato de glória;
Satisfeita, expondo para si mesma um singelo sorriso amargo, escancarou a janela do quarto, que ia de parede a parede, e, quase que instantaneamente, lotou o quarto antes escuro da luz pura do dia novo. Miados, uma respiração longa e profunda. Ludmila olhou corajosamente para o dia lá fora. O motor dos carros a rosnar, feio, foi sufocado por um bem-te-vi que cantava bem ali perto. As nuvens, formando complexas formas indecifráveis no céu, embelezaram essa complexidade toda com sua branqueza simples. E o ar pareceu ser a resposta mais óbvia de toda e qualquer pergunta já existente.
Deixou a janela e trotou com confiança até a cozinha, tomou um copo cheio de leite geladíssimo, sem adicionais. Fez um carinho nas gatas, beijou-as, deixou escapar um desnecessário "amo vocês" e lançou uma ultima olhadela para o apartamento.
Com um largo sorriso, saiu de casa com a única certeza que lhe consumia todos os dias. A certeza de ver aquela coisa, e de poder fazer seus chamados amores verem-na também.
3 comentários:
Morning light makes me glow inside.
Gostei muito!
Gostei muito!
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