Os cobertores parecem ser os melhores companheiros pro dia de hoje. Acostumada com o descostume das palavras, encaro as pautas do papel até quase sangrar pela caneta. Estou perdendo a capacidade de expressão como um homem que não sabe reconhecer rostos. Traduzir coisas não físicas em palpáveis sempre foi um trabalho sensível. É isso; tornei-me, de repente, insensível.
Não sou capaz de não poder ser todas as cores. Não quero ser aquela mulher com bafo de vinho e com cheiro de estrago. Eu gosto de salada.
A infelicidade não é uma opção, é impossível arrancá-la. Nada me faria feliz. Gastrite. Quero que o som de suspiro costure a minha barriga com as lágrimas que vêm aqui de cima. E transformar minha alma num piano. Gostaria de me desligar das máquinas para poder rolar infinitamente nas gramas estonianas. Talvez seja o formigar do excesso de chocolate que tenha me deixado de cabeça pra baixo.
Senti um gato por debaixo das pernas e a segurança de sua transparência me acalmou o sonho. Pude mover um pouco meus dedos do pé. Quem sabe eu devesse levantar, algo me sussurra que já passa da meia noite. Levantei e o labirinto me estonteou. A luz alienígena está me esperando do outro lado da janela.
Não sei se tudo isso tem um significado consciente. Acho que está na mistura do bolo que compõe aquelas coisas enterradas nas entranhas dos bichos esquisitos.
2 comentários:
que bonito , nunca pare de escrever ;-;
Muito, muito bem escrito!! Qual tal pegar suas crônicas e fazer um livro?
Já pensou nisso?
Postar um comentário