sábado, 1 de janeiro de 2011

Carta de Artemis

Justine,

Escrevo-lhe apenas para lembrar-lhe. Lembrar-se é inefavelmente importante.

Felicidade excessiva é como dor de estômago, mas respirar o mundo e sentir-se ligado à terra é essencial para amar sem se perder.

Esse medo que me empurra as lágrimas e meu almoço tardio pela garganta me afasta da nobreza do espírito das partículas cósmicas; elas tentam, mas tornei-me temporariamente impenetrável. A dura epiderme endureceu desse medo transfuso em uma necessidade empática de sentir a c(d)or dos outros antes da minha. Queria passear pelo bosque de bétulas da conhecida mulher amora para enxergar através de seu corpo frágil e poderoso. O doloroso desapego viria como consequência da neve simbólica que cobriria a transfiguração do dito cujo sem enterrá-lo, mas apenas transformando-o em outra coisa que não um peso sem nome e sem pudor.
Cuidado com a vertigem.

Cuidado com o medo de si e de suas próprias palavras. Da insuficiência.

Estou há meses sem alimentar-me da minha percepção. Assim, sem caminhar compassadamente com a minha aura. Compasso é a representação do meu número um.

E você, como está?

Artemis.

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