Tem alguma coisa respirando através das páginas molhadas de meu caderno. Respirando através de mim, como que aumentando os limites de minha pele. E é apenas por esta razão que motivo-me a, também, respirar.
A menina sempre verde e sempre encantada foi para o meio do mato e sorriu para as pessoas invisíveis por medo de se perder. As folhas e as pessoas passavam por dentro dela com a mesma rispidez e rapidez; adjetivos que ela internalizava e, por imitação, botava em prática como se fossem verbos. Pressionava as coisas para fora e para ver se entravam coisas novas. Se a alma das pedras e das flores despertavam sua calma, se suas ações humanas desprendiam olhares sorridentes, se o barulho dos bichos do mato sacudiam a água para fora do texto e o texto para fora da água. Alegava que era pra ter tempo de chorar pela existência. Para ter certeza que seu corpo é de terra e que a terra é feita duma correnteza de palavras, tinta, atmosfera e pedaços de sensações.
Querida, me abrace com seus braços inefavelmente transcendentais. Não tenho vergonha de ti.
2 comentários:
"Respirando através de mim, como que aumentando os limites de minha pele". Nosso corpo pode ser um lugar de passagem de afetos, intensidades, verbos, coisas para além de um "eu". A que estão é: o que pode nosso corpo? O quanto nossa pele é elástica para permitir romper os limites? Muito bom o seu post.
Francis, que texto lindo!
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