O dia se desenrolava e o gato branco, recém chegado na nova casa, miava insistentemente para o relógio do rei que lhe dava o nome. Elvis, o relógio de parede, ficava no meu quarto, logo por cima da vastidão de minha cama. Tic-taqueava como presente de uma querida amiga. Achei engraçado o gato miando pro chará. Logo catei o bichinho pelo braço e o afastei do quarto para que não atrapalhasse minha leitura. Passados dois segundos, Elvis voltou a plenos pulmões. Subiu na cabeceira da cama, vidrado no relógio. Ri-me, perguntei-lhe o motivo daquilo, ele nem me olhou. Renovei a tentativa de removê-lo, que ele logo tratou de fazer falhar. Não parava de miar, alto, concentrado, como que preso por um fio invisível. Estranhei, finalmente. Larguei mão, acabei por me mudar de cômodo e deixei os Elvis na companhia um do outro. Fui dormir depois da meia noite.
Acordei, saí do quarto, encontrei minha mãe tomando café e lendo jornal. Ela logo me veio: filha, sabe o porquê de o Elvis estar miando pro teu relógio daquele jeito ontem? Porque, eu quis saber. Era aniversário de morte do rei. Meu gato nunca mais miou praquele relógio.
2 comentários:
arruma aqui: Elvis, o relógio de parede. Ficava no meu quarto, logo por cima da vastidão de minha cama.
tá meio rompido e esse tem que ser numa sequência bem dinâmica e tal, quase que tirando garça de quem lê, eu acho :D
Concordo com a Juliana aí em cima. Machado escrevia com períodos curtos. Acho que dá um impacto maior.
Mas, independente disso, AMEI! Ao mesmo tempo que narra o exótico, o inusitado, mostra um pouco de cenas cotidianas. ADOREi, de verdade.
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