Havia algum tempo, eu caminhava por entre as sombras de árvores imponentes. Utilizava-me de meus outros sentidos na busca por abrigo. Os sons suaves dos bichos da floresta me mantinham acordada, impedindo-me de desmaiar. O cheiro das frutas silvestres alimentava-me as lembranças. A chuva me fazia ainda sentir. O gosto da terra me localizava no mundo. A impossibilidade de desistir - desexistir - me separava da fraqueza desenvolvida por minhas pernas.
Vi, então, um ponto brilhante no longe.
Fui correndo de ofuscada, não pude conter meu corpo desesperado. Tropecei no chão antes que pudesse me dar conta do vazio e caí vertiginosamente de um penhasco imponderável.
As moléculas do meu organismo entraram num processo de dissociação, perdendo-se umas das outras como a umidade se perde em orvalho. Desfiz-me no ar em poeira elementar, virei a parte solitária de um todo que eu não merecia. Eu não era - eu era nada.
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