Se antes os indivíduos estavam descobrindo que existiam no mundo, agora existem ao extremo, como células explosivas em expansão. Se antes descobriram que tinham escolhas, agora sentem a pressão de escolhas infinitas. Se antes perceberam que eram entidades pensantes, agora mentalizam o mundo num cérebro. Se antes perceberam uma bolha envolvendo o umbigo e zelaram por suas cores, agora se desesperam quando a bolha estoura e pateticamente fingem que ela ainda está ali. Se antes gritaram numa só voz e deixaram um eco ressoando para trás, agora gritam surdos e individualmente, cada um para um lado, e no ar ecoa um burburinho insistente.
(Algumas pessoas ignoram suas explosões, tentam controlá-la ou diminuí-la. Essas pessoas são as mesmas que confundem alegria com felicidade. Não existem manifestações exteriores. Só um indivíduo pode perder-se de sua própria apatia, implantar um coração num robô, aceitar a efemeridade sem espetar-se nela. A constância só existe naqueles que permitem que sua identidade grite, entre em conflito, perceba-se, exista, mova-se. Porque o silêncio vem depois da explosão. E vem a calma para enxergar, pegar no colo, fazer dormir - e não fazer desmaiar.)
Um comentário:
peguei pedacinhos da sua explosão. estou explodindo mais agora
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