O Sonho.
Fui dormir com o dia amanhecendo, mas eram onze e tal. Os raios dum sol invisível num fim de tarde pouco provável lotaram meus olhos de luz.
De onde vem o movimento das coisas verdes?
A Consciência.
Pelo português, não levo o queijo gorgonzola a sério. Pelo masculino do nome, não consigo levar-me a sério. Intensidade pouca, não sou assim como me escrevo. Sou simples e boba, gasto meu tempo com inutilidades pouco sensíveis e depois, vendo-me no espelho como tal figura, choro pateticamente aos pés dos meus sentidos, suplicando-lhes que me sirvam. Procuro estímulo qualquer, tudo é melhor que não sentir. "Hold on to your emotions". Choro não porque sou mulher, não porque sou adolescente, e nem porque sou humana; é em pedido desesperado da verdade em mim.
O Descerrar de Olhos.
Possuo muitas coisas frágeis. Simultaneamente quero quebrá-las e zelar por elas. Estão ali, aos montes, distribuídas por estantes num quarto bem iluminado, deixando que a luz as atravesse e mostre-lhes a transparência. Um empurrão e lá se vai o feitiço irritante de sua fragilidade. Felizmente, o arco-íris do sol que as estupra me hipnotiza e certifica que devo protegê-las. São bonitas demais para desaparecer. Beleza melancólica, que provoca sorrisos sorrateiros de leveza e lágrimas repentinas de saudades diversas. Provoca também a pieguice daqueles que escrevem. "Life is happening everyday, all around".
O Erguer do Corpo.
As certezas são falhas, os motivos faltam e a cachoeira despenca violentamente na serenidade do rio colorido pelas pedras amareladas debaixo dos peixes.
Ao que os olhos negros observam com uma atenção frenética e imóvel. Os ouvidos ressoam as moléculas de água guerreando com naturalidade. A brisa tem cheiro de folhas recém-amadurecidas e desgrenha um ser vivo supra-grenhado. Já era tempo, já era espaço.
O Primeiro Pé.
Pare um pouco. Tire a bateria do seu relógio. Respire e escute a reação do seu corpo.