terça-feira, 31 de março de 2009

Inquietação

Exausta, sentou-se na cadeira de pensar. O Sol esquentou suas pernas. Ela não tinha mais que ser borrada. O resto não deveria ser parâmetro para nenhum desenvolvimento individual. Ela não precisava olhar apenas para o próprio umbigo, podia olhar para o próprio cérebro. Havia sabedoria dentro dela para desenvolver uma manifestação, provocar manifestação nos outros inquietos que a cercavam. E não eram muitos.
O humano, programado, perdeu dentro dele mesmo o humano, e só ele mesmo pode encontrá-lo. Ela estava se encontrando. Os poucos tinham que se dobrar, e o dobro se triplicar, e o triplo se multiplicar. Ela podia dar-lhes um tapa no rosto, um tapa que os faça sentir alguma coisa, que os faça olhar ao redor. Parar, olhar, perceber, chorar, gritar, organizar, fazer, realizar, consertar. Parar, olhar, observar, sentir, absorver, sorrir, amar. O verde é de árvore, não é de cifrão. Todas as cores valem, e tudo que as acompanha.
Ela podia. Podia transformar o indivíduo, e os indivíduos, e o conjunto de indivíduos, e salvar todos os mundos deles mesmos e de todos ao seu redor. O ar está se esgotando, o tempo não para não. Ela podia acabar com o Despotismo e todos os ismos. A melancolia poderia esbanjar sua verdadeira beleza, assim como as crises de riso. Ela tinha que fazer ver que a idéia de felicidade não traz como significado a desimportância de tudo. As vidas, mágicas, desmerecidas por outras. Grandes e pequenos estão acabando com a terceira dimensão. Sua existência devia dedicar-se também à outras, e à existência daquilo que é maior.
Absorção de energia cósmica, naquele momento. Suas mãos deveriam salvar tudo aquilo cujo ser era reconhecido.
O conjunto está sendo errado, desde o momento de sua criação. "Você não o único indivíduo deste universo, e o conjunto de seres humanos não é dono dele", disse ela ao público de insetos que a assistia pensar.

terça-feira, 24 de março de 2009

Escapando pelos dedos

Os ponteiros marcam 12 horas e 53 minutos, o Sol não brilha. Longe da cama, meu corpo desgastado reclama silenciosamente, repuxando músculos aos quais eu não reconhecia existência. As palavras imersas nos livros abertos deveriam fazer sentido, mas a incoerência e os devaneios prevaleceram, me afastando por completo do mundo físico.
Havia alguns sorrisos dos quais eu não conseguia me lembrar com clareza, e isso me aborreceu. Incômodo silêncio. Aqueles determinados jeitos peculiares de andar, falar, comer, olhar, abraçar... Fugiam-me. Meus sentimentos não têm memória.
Biologia não fazia sentido, a lembrança da textura da sua pele me acalentava. Fechei os olhos, deixando os irrevogáveis paradoxos me dominarem. Introspecção oposta à saudade de corações humanos, DO coração humano.
Repentinamente, eu tinha cabelo branco. O café e os papeis diplomáticos a minha frente não tornavam o clima mais ameno, estava frio. Minhas pinturas tinham se perdido com o tempo. Não vi o Sol, não vi a grama, não vi o orvalho na manhã de domingo, não vi os olhos expressivos que me olhavam. Suddenly, I was fifty and alone.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Tentativa Culinária

Afirmação dezessete ridículo você de repente
Meu perguntei etnemlanif que tinham pois
Continuou copas querido própria
Terrível precisa Ródanon duas eles

Motivos
Revela
Oloria
Preocupava
Esfinge junto ensinar-lhes pensei
Anões pois enigma
Sem bem sob disse meus.

domingo, 8 de março de 2009

luzAzul

Há o reflexo dos Azuis no lago.

1 azul, 2 azuis, 3 azuis.
O olho do observador.
Ele observa.

10 azuis, 100 azuis, 1000, 1332 azuis.
Gira, gira, passa, passa.
Não define.

Cai o ponto no lago de cima.

Desce o azul, os azuis, ziguilhões.
Cada azul
Complexo.