Podia a idéia de ferver pensamentos não fazê-los evaporar, mas a mudança de tudo que flui me obriga a lutar contra o cansaço mental e espremer meus dedos do pé até que estralem. Poetizar, aqui, equivale a um cotonete; serve para limpar.
Nossos esquisitismos trazem a desordem para dentro de casa, desordem essa que produz um efeito acumulativo: a vontade enlouquecedora de gritar cordas vocais fora. Cordas vocais não podem ser gritadas fora nem se o grito projetado for dotado de significância - e de fato, o é. A proximidade quase miscelânea entre os sentidos, então, se manifesta, obrigando-nos a recorrer ao ser expressivo que mora debaixo de nossas camas e nos atormenta incansavelmente.
Emocionalmente deficientes e aturdidos por natureza, somos, sem exceção, direcionados à parte que mais esfola nossos joelhos: os relacionamentos supostamente amorosos intra-seres humanos, uns piores que os outros. Tem-se, daí, baldes e mais baldes repletos de uma melosidade repetitiva, incômoda e exaustiva. Tanto me desagradam as manifestações da carne e gordurinhas estomacais que delas procuro me abster. Concentro minha antena das sensações nas mil e uma outras sensibilidades que os mundos carregam.
Sou, porém, ser humano, tão humano quanto pode um ser. Escorrego na sina do elas, eles, ele e ela, nós, eu e você, vocês.