segunda-feira, 16 de maio de 2011

A efetividade do colapso

Não sei até que ponto confio na esfera de possibilidades do Universo. Confio, agora, apenas nos meus lençóis, bonitos e arrumados sobre a cama. Meus lençóis estão indubitavelmente esperando por mim.
O que quer que seja que conecte dois seres neste mundo, é de uma instabilidade irrevogável que não há como medir. Estou imóvel contra a parede, percebendo minha projeção do futuro a carregar consigo só minhas responsabilidades sobre minha própria existência. A indissolução acompanhada da imprevisibilidade são características da pluralidade. A pluralidade diz respeito ao conjunto de indivíduos que interage entre si. Cada um desses indivíduos é considerado um ser humano por ser totalmente capaz de agir.
As outras pessoas são poços de ações, e eu não quero mais agir perto delas. A ação diz respeito a algo novo e completamente independente. Ações colocam monstros no mundo, monstros livres e errantes.
Meus lençóis estão arrumados sobre a cama. A vontade de desarrumá-los é grande. Agindo, muito provavelmente eles deixarão de estar arrumados sobre a cama. Não acho que consiga lidar com essa possibilidade. Só sou humana, agora, se não agir for, também, agir.
Não quero tocar as coisas. Nem mesmo o chão que sustenta meu corpo. Quero ser um corpo flutuante e sozinho no espaço e no tempo.

Não é justo que um século me condicione. Tamanha intensidade provocará a explosão de minhas veias. Sento-me ao chão para me contorcer com ele, arrepiar-me de desespero, sentir meus dentes se desprendendo da gengiva, para ver-me como qualquer outra coisa que não eu. Nada pode ser tão efêmero. Nada pode ser tão durável. Tchau.

Um comentário:

Tatiane ;) disse...

és única. Deliciante maneira como escreves