quinta-feira, 14 de julho de 2011

A eterna responsabilidade de respirar

O mundo deve ser o espaço de criação, e não o bloqueio criativo.

Senti vontade de começar este - por não saber muito bem como fazê-lo - anunciando meu primário contato com a importância. É uma pena que precisemos de conceitos para narrar o mundo, já que, apesar de úteis, eles são pouco... "Importância" não é a complitude do que quero dizer. No decorrer do vento, evoluí percepções do amor. Quinze anos foi a ruptura para o esclarecimento na sensação da presença do mundo; entendi que eu era parte das coisas pequenas do dia.

Anteontem uma mão quente e materna concentrou o cosmo em minha cabeça. A quentura de seu toque afastou o choro do nervosismo regado de hormônios e álcool e a tristeza regada de passado. Quando pude respirar, o descostume com o oxigênio me estonteou.
A segunda leva de mãos acompanhada de um céu iluminado pela falta de lanternas sufocou-me os sentidos. Respirar é a metáfora da troca. O mundo deve passar por todos os milímetros do meu corpo para que eu o devolva diferente. Este é o resumo da vitalidade. A súbita compreensão da relação físico-abstrato é pesada, inchei de pressão. Vi todas as imagens do Universo e descrevi o amor com naturalidade. Abri os olhos para o fogo, beijei as mãos e meus amigos e tive certeza da razão de existir.

Recebi um conselho das palavras: volte ao seu estado normal de calma. Só é possível respirar fundo em consciência de paz. Quando o mundo é organismo vivo notável, a calma é perceptível.
Existem muitas coisas que seus dedos podem tocar. Acorde, pule e não pare. Não é preciso esforço para ver o que acontece a todo momento - não é preciso esforço para ver tudo. 
Meu cedilha é uma cobra, meu gato é um leão e eu tenho 30 metros de altura. Engulo aviões para dar espaço aos pássaros, suas vidas são atribuladas na arte de bater asas e voar.
Há mais em meus olhos do que o crédito que lhes dou. Vi dois sabiás enamorados em azul anil, pulando entre galhos que mudavam no tempo. Sorrio quando sei que a fugacidade daquele azul significa o não-perder um pedaço do mundo. Não preciso ir longe para ver tudo ao contrário. Caminhamos em sincronia não é sem querer. O som que a folha faz para me lembrar que ela existe e que pisei em sua existência não é menos que uma reclamação. Diminua o número dos seus anos ou prolongue-os para ganhar atenção, porque nem sempre é preciso saber.

As palavras devem estar próximas.

Estou pulando na sonoridade do vento que bate no rosto do menino perfumado pelas flores amarelo-existência. É só assim que posso respirar. Sou eternamente responsável por minha respiração.

4 comentários:

Lucas Lyra disse...

lindo lindo..

lári ravália disse...

você é fantástica, fran. muit lindo amiga <3

Danna Lua disse...

Eu te amo

Juliana Amado disse...

Tem muitos momentos da minha vida que respiro profundamente no automático. Em outros, necessito tentar respirar assim, mas nem sempre coionsigo e sai uma respiração entrecortada.