sexta-feira, 19 de junho de 2009

Diante das circunstâncias

A mistura congelante de gases de cinco da manhã fez com que eu me encolhesse por debaixo das cobertas, sem vontade alguma de deixá-las, embora uma voz próxima me anunciasse minhas obrigações. O sono inexistia, a sonolência não. Levantei atrás de uma meia para aquecer os pés.

Era tarde, parei frente aquela enorme janela, subi na beirada dela, estagnei. Nunca vi tantas cores juntas num só céu. Tonalidades e degradês brincavam com meus olhos, minhas piscadelas eram lentas e atordoadas. Os formatos caóticos das nuvens velhas e esfumaçadas davam forma à um desenho abstrato, borrado por um estojo inteiro de tintas. O tempo... O tempo ia passando sem se perder. Por fim, só coloquei uns sapatos e escovei os dentes.

A sanfona e a voz, espontâneas, a neblina que cobria a cidade inteira, o sol, o céu, o lago. Faltou-me o vestido, eu estava num sonho nunca antes sonhado. Submergi no céu, a branquidão era o tudo - ou o nada. A sensação curiosamente não amedrontante de estar próxima à queda de um penhasco infinito era constante, até o despertar. Acordei assim que o carro saiu do projeto de nuvens novas que tocam o solo.

Café com creme fresco do leite fortemente emulsionado, ligeiramente açucarado, de François; pessoas. Pequenas impressões, grandes conclusões.

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