Uma quietude observadora repentinamente tomou conta dos olhos dele. Todos, seres hipoteticamente inanimados, lançavam sorrateiros sorrisinhos por aí afora, indiscriminadamente. Eles pareciam felizes, pensou. Felizes de uma fingidez individualista, muito consciente e incrivelmente contraditória. Passos lentos, sentidos atentos, senso de percepção incomum. Luzes acesas e luzes apagadas nos cérebros de todos eles, o hábito de acendê-las e apagá-las. A parte mal iluminada, devagarzinho, vai se tornando mais cômoda. É mais fácil fechar os olhos onde já não há luz, não há mero resquício de nada. Quando parou, percebeu que esteve caminhando para qualquer lugar durante um tempo que tropeçava entre horas e minutos. Quando se torna um número imaginário e entrega-se o máximo que conseguir ao idealismo, não se reconhece mais no mundo. É uma escolha. Transitar entre o claro e o escuro talvez fizesse sentido, se é que se pode dizer que coisa alguma o faz. Pôs uma bala na boca, estalou os dentes, sentou-se ao banco que delicadamente brotou à sua frente. Perdeu-se na fugacidade subjetiva do claro para logo se encontrar na objetividade medíocre do escuro.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
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2 comentários:
eu imagino um lugar meio Wonderland,mas triste e sombrio. Talvez na versão Through the Looking Glass.
No escuro é mais fácil de esconder também.
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