domingo, 29 de agosto de 2010

Carta pra calhordagem

Todos os dias a saudade arranca partículas de poeira colorida do meu umbigo fragmentado. Dói. Não amamos com o coração, mas também não é com o cérebro. É com o umbigo.

Alheio às palavras ditas, escritas ou sorridas, ouço o pássaro cantando para denunciar a manhã. Estou imerso em aventuras saudáveis pós-realização pessoal e me perguntando até que ponto a madrugada importa - afinal, minha caneta falha. Dormir poderia ser desnecessário, tomando como suspense tantas importâncias em vida acordadas. Quem são essas mentes corrompidas? A tenacidade da linha é tênue. A caneta resolveu colaborar com os neurônios afadigados, enfim. E se todos esses carinhos tão certos de si se auto-germinarem-alimentarem pela carência da falta de mãos? Que mãos, hein? É vermelhidão em pele branca. Não soa real, perdi a confiança, é tudo farsa. Sou mau. Gosto e desgosto assim, quando passa o encanto do desconhecido. Tantos abraços confortáveis... E a veracidade? Enterrada.

O ardor dos olhos só existe quando fechamo-nos pro conforto.

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