terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sem

Registro fotográfico: a moça passava pela rua das luzes coloridas que ondulavam seu corpo esbelto.
Fonográfico: burburinhos de conversas se entrelaçando por todos os lados.
O sentimento: turgidez. A simultaneidade é perturbadora.

Com uma sensação invasiva sob domínio de seus sentidos, os olhos assustadores da moça correram até a ponte. O escuro, então, permitia que somente resquícios das cores intimidantes lhe iluminassem o caminho. Era muito tarde e, como de mau-costume, ela havia ignorado seus processos intuitivos e perdido neles ideias importantes. As mensagens estavam excessivamente nebulosas. A moça, após atirar-se para um mergulho definitivo no lago, emergiu dentre arrepios e poluição. Seu organismo implorava. Sentou-se embaixo de uma árvore sem folhas presa a um chão cambaleante e fez questão de lembrar-se como sentir solidão. Ali ficou. Para todo o sempre.

Um comentário:

Juliana Amado disse...

Adorei o título.

Arrepiante o final... texto profundo. Abstrato. Gostei.