quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Corpo Infinito

Não era uma vez só, a velha egocêntrica. Era muitas e repetidas vezes seus calos no pé esquerdo e joanetes dos tempos ruins. O hedonismo de sua ranzinice não abria espaço para que o Sol nas costas a invadisse a pele, o corpo, a coluna debilitada de idade. Ela recusava a cadeira de rodas com a mesma instabilidade que uma criança recusa um doce. Sair da cama era um conjunto de dias chuvosos, e por si só um amontoado de filmes russos e arrastados. O inspiro surgiria apenas quando o corpo fosse ao chão e as cores fossem ao cosmo. Se eu fosse poeta diria que ela se tornasse estrela. Sou sofrido, pois digo que ela morra. Com força e mais de uma vez. Não nego a certeza do infinito corpo. 

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