quarta-feira, 27 de abril de 2011

Não sei ser turista

Tem alguma coisa respirando através das páginas molhadas de meu caderno. Respirando através de mim, como que aumentando os limites de minha pele. E é apenas por esta razão que motivo-me a, também, respirar.

A menina sempre verde e sempre encantada foi para o meio do mato e sorriu para as pessoas invisíveis por medo de se perder. As folhas e as pessoas passavam por dentro dela com a mesma rispidez e rapidez; adjetivos que ela internalizava e, por imitação, botava em prática como se fossem verbos. Pressionava as coisas para fora e para ver se entravam coisas novas. Se a alma das pedras e das flores despertavam sua calma, se suas ações humanas desprendiam olhares sorridentes, se o barulho dos bichos do mato sacudiam a água para fora do texto e o texto para fora da água.  Alegava que era pra ter tempo de chorar pela existência. Para ter certeza que seu corpo é de terra e que a terra é feita duma correnteza de palavras, tinta, atmosfera e pedaços de sensações.

Querida, me abrace com seus braços inefavelmente transcendentais. Não tenho vergonha de ti.

2 comentários:

Bruno Costa disse...

"Respirando através de mim, como que aumentando os limites de minha pele". Nosso corpo pode ser um lugar de passagem de afetos, intensidades, verbos, coisas para além de um "eu". A que estão é: o que pode nosso corpo? O quanto nossa pele é elástica para permitir romper os limites? Muito bom o seu post.

Danna Lua disse...

Francis, que texto lindo!